quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Sofá II











Sentada na poltrona ao meu lado, envolvida nos próprios pensamentos, está ela. Iluminada por uma luz sumida amarelada. A sua silhueta na parede parece um quadro de formas sensuais, contornos subtis de uma voluptuosidade sem cor.
Ausente de um olhar que, aos poucos, a vai despindo peça a peça.
Serena perante as cores que a envolvem.
Acende mais um cigarro… num movimento calmo e silencioso que atrai o olhar.
Sobressaem os lábios húmidos e sensuais.
No sofá, de onde não a alcanço, passo-lhe a mão pelo cabelo, descobrindo um olhar profundo. Deslizam os dedos pela face deixando um suave toque por trás da orelha, ao encontrar o caminho até ao sinal que esconde no pescoço.
Foge do decote um suave aroma de perfume que me invade os sentidos e fecho os olhos.
Ao juntar os lábios e entrelaçar as línguas, escorregam as mãos pelas curvas até as ancas onde sorrateiramente invadem e arrastam a camisola acariciando a pele morna.
Caem os braços no meu torso e puxam colando pele com pele.
Ainda o cigarro não se tinha fumado sozinho, já os corpos quentes se encontravam enrolados um no outro em movimentos friccionais que aqueciam o próprio ambiente.
Brilha o trilho de saliva que descia do pescoço ao ventre, deixando vastos labirintos por entre os seios, perdendo-se na erecção dos mamilos.
O umbigo convulsionava em harmonia com serpentear das ancas à medida que as mãos aqueciam o interior das coxas e a língua sugava os sentidos por entre as pernas.
Servindo a parede de alicerce e os corpos de ponte, na austera penetração soam gemidos mudos de prazer…
Desencontram-se os corpos em convulsões contrastadas cada vez mais agressivas e aceleradas… curvam-se as costas descobrindo novos ângulos… ecoa o som da mão na nádega, colam-se os dedos às ancas…
O cheiro de caramelo queimado encontra o caminho para as narinas, extingue-se a ponta do cigarro enterrado na cinza dos já apagados.
Abro os olhos e mantenho-me inerte no sofá, a olhar para ela… linda, sem se aperceber de como um simples gesto inato é capaz de despertar a faísca em mim.
Sorrio ao olhar de novo para ela. Enquanto me devolve o sorriso recosto-me neste sofá … e acendo agora o meu cigarro.



By Moon_T

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