
Deslizaram os sons naquela noite.
Um fado perdido por entre os abraços reencontrados e o brilho dos sorrisos embebidos inundou a sala.

Os turistas absortos ao que se passava mesmo ao lado, perdidos num conto de reticências, refugiaram-se na fértil ignorância das suas próprias gargalhadas. Inevitavelmente desapareceram.
Soltaram-se palavras do peito e os copos secaram as lágrimas que todos, sem excepção, tinham a derramar.
Naquela mesa rasteira formou-se um eixo onde se cruzaram todas as linhas desencontradas. Por momentos, aqueceu-se o presente.
Afirmou-se a vida como ela é... a nossa estranha forma de vida.
Reavivaram-se as decrépitas discussões que nunca terão fim. Renasceram outras por entre os dedos levantados e alternâncias de voz.
Perderam-se as horas nos cubos de gelo e copos curtos sem feitio.
Relembraram-se as vozes que cantaram e as musicas que perderam as letras.
Num brinde perdido na distância das vozes ofereci o meu nome e numa estranha forma de viver, através de um fino vidro, vozes sumidas e longínquas sussurraram: “ amigo...”
Calou-se o piano e pelas ruas amanhecidas perdemo-nos na vereda…
…Foi na antagonia daquele fado que se encontrou o caminho até um sítio que já posso chamar “Casa”.
Agradeço ao Fado por esta noite.

By Moon_T
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