quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Espirito de Poeta






Como é bom notar o espírito a subir. O fenómeno que há nas espessas gotas de sangue que escorrem de uma alma, quando ferida... que condimentam o génio. O poeta. O sonho.
O que diferencia o poeta dos outros é que quando sorri, a gargalhada é poesia, e quando sofre, a lágrima faz a obra... e cria.




Post inspirado pelo estimado Blog de Lder




Boas Festas a todos

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Ontem provei a Lua e soube-me a vinho

Ontem saí à rua, de noite. Andei às voltas comigo mesmo, modesta companhia. Não vi rostos nem pessoas. Não vi nada. Senti os gatos nas janelas e vi de soslaio o seu brilho dos olhos por entre arbustos no jardim. Era eu e o mundo.
Ao descer pela calçada escorregadia, ouvia o zunido das luzes dos candeeiros de rua que me cumprimentavam ao passar com a sua melodia. Uma aragem trouxe o som longínquo do comboio que passava vazio lá em baixo. Minutos depois, sentei-me num banco de jardim que ali estava, descascado pelo tempo e humedecido pelo suor da noite. Estava sozinho. Perdido no meio do jardim escuro à minha espera. Numa conversa muda, queimámos cigarros e sorrisos. Contámos sonhos e invejas e devaneios. Fazia-se tarde... Já a Lua nos sorria alto e ambos tínhamos sono. Havíamos perdido a noção das horas e o céu já estava a fechar.
Encostei o ouvido à madeira de casca verde e trocámos os segredos que nunca ninguém ouviu.
Dos céus desciam gotas e as gotas que nos acertavam eram mornas. Suaves. Desciam devagar como carícias.
O cheiro da terra molhada embalou-nos e tapou-nos com o jornal da manhã que o velho deitou fora sem ler, amachucado. O dia brotou quente. Voltaram os passos e as buzinas. Todo o barulho que dormia de noite acordou em alvoroço. O meu banco amigo tinha-se calado. Calou-se. Mudo. Mal conseguia eu abrir os olhos quando uma menina passou e me sorriu. Porquê? Porque razão iria sorrir uma criança ao avistar uma pessoa que, aos seus inocentes olhos, aparenta ser mendigo? Ao devolver-lhe o sorriso senti o sabor a vinho fugir-me da garganta. Roubado. Surripiado pelo brilho de uma criança desconhecida que sorriu sem razão. Desapareceu na dobra da esquina por trás do sol. Ao longe ainda se ouviu ecos de um tímido sorriso de menina aos pulos. E amanheceu. Nesse dia amanheceu tarde, mais tarde que de costume.
No caminho de volta para casa vi que os gatos já não estavam nas janelas. As árvores estavam nuas como se tivessem sido despidas à pressa e os candeeiros apagados, sozinhos ao longo do passeio. Nada era o mesmo. Ninguém sabia o que se tinha passado. Ninguém ouvira os segredos. Apenas eu. Ninguém ouvira o banco, ou a música dos candeeiros. Apenas eu…
Então voltei para casa a pensar: Ontem provei a Lua e soube-me a vinho. E como uma criança, sorri, sem porquê.


Moon_T

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Acorda hoje



Acorda hoje, disse o velho aos pés da cama onde dormia. Os olhos ainda mal conseguiam abrir com a película peganhenta a puxar as pálpebras para baixo. O hálito matutino fugia pelos lábios e entrava pelas narinas agarrando-se aos pelos nasais sem querer largar. Acorda hoje já disse, repetiu. Deixa-me estar, ouviu-se num suspiro. Deixa-me dormir, afundou-se o resmungo entre o edredão e o colchão. Acorda hoje, num grito, deixa o ontem no ontem e acorda hoje para a vida! A tua vida! E o barulho dos carros lá em baixo na rua aumentou. Os passos das pessoas na rua ficavam mais altos. E até o cantar dos pássaros, que pensava não haver, parecia apitos de um comboio a vapor num túnel de montanha. Não deixes que o passado te atropele. Acorda!
Foi então, quando o barulho se tornava demasiado insuportável, que os lençóis escorregaram para o chão, a cabeça zunia com o tilintar das pedras de gelo da noite anterior. Já não havia fumo no quarto, apenas cigarros mortos, empilhados num cinzeiro e afundados na cinza de dias. A luz que espreitava pelos estores era como laminas a cortar a pele. A voz do velho aos pés da cama, seca, rouca e vivida, repetia, acorda para quem és. Para quem te tornaste. E aceita esta manhã. Hoje. Bem sabes que pagas hoje pela noite de ontem, como todos, como sempre. E a cabeça pesada bem o confirmava, mesmo não querendo acordar sabia melhor que isso. Agora só tens de acordar e viver, falou a sorrir. Os pés descalços resvalaram para o chão como que com vida própria e ergueu-se o tronco com o cabelo desgrenhado e sujo no topo. Nem um bocejo. Nada… Apenas dormência e um frio que subia pelo corpo erecto. O eco dos calcanhares nus no solo ecoava pelas paredes queimadas e trepava ao tecto apenas para cair que nem avalanches de toneladas na cabeça que faziam estremecer o corpo todo. Os olhos, aos poucos, pareciam secar e as pequenas lágrimas que escorriam involuntariamente pelo canto dos olhos pararam sem explicação a meio da face. E gelaram.
Ao chegar ao lavatório, rodou a torneira no máximo e apenas um fio de água escorria direito e fino, quase sem som. A voz do velho aos pés da cama repetiu mais uma vez ao longe, acorda! Estou cá como todos os dias amanhecem, como a noite brilha. Estás cá tu também. Mas acorda e verás ao espelho a cara que escolheres ser tua. Acorda hoje e hoje ao deitar elege aquela com que queres acordar. E enquanto levantava os olhos para o espelho, lentamente, via a barriga, subiam ao peito, ao pescoço, aos ossos do pescoço e aos ombros ossudos e os olhos subiam. Vê bem quem és. Sem medos. Sem enganos e desenganos. Amanhã, se preciso fôr, acordam-te outra vez, disse pela última vez. Desviou os olhos do espelho rapidamente para ver o rosto do velho aos pés da cama, mas quando o olhar lá chegou já a cama estava vazia, desfeita com os lençóis a cobrirem o chão. Revistou o quarto com o olhar mas estava vazio, como se apenas aquele odor matutino fosse a única presença daquela manhã. Então sozinho, voltou-se para o espelho.







Moon_T

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Até já...








Várias imagens e histórias têm vindo a aparecer-me na mente, sorrateiras. Como relâmpagos de memórias sem trovões, memórias que não são minhas. Memórias minhas mas não de mim:
As mãos dadas de Outono; ideais ideias e conversas; a brisa de Leste; o cheiro de natal; os sonhos; os beijos; o cheiro de velho; os canalhas e patifes; os livros; o sotaque; as musicas; as fotos; o olhar da miúda do carro da frente, de soslaio… Muita coisa. Tanta coisa...
De momento tenho-as deixado fugir ao lado dos dias. Tiro polaroids que guardo como negativos numa bolsa de pele escura e velha. Fecho-as bem guardadas para em breve, as tentar revelar.




Moon_T

sábado, 17 de outubro de 2009

Tanta coisa para escrever






Tenho tanta coisa para escrever. Tanta coisa. Tanta coisa para contar e inventar e partilhar. Coisas como o que me aconteceu na vida. Memórias reais que marcaram. Memórias irreais que inventei e vivi e vivo todos os dias. Coisas que aconteceram. Podia contar tudo. Historias de onde nasci, por onde passei, o que faço ou gostava de fazer ou o que nunca vou fazer. Embora nunca se deva dizer nunca. Podia contar as cores e os cheiros e sentimentos e tudo o que existe e não existe mas que pode ser contado e se é contado passa a existir. Os sentimentos que já senti e os que não senti, e os que não senti e gostava de nunca os sentir, ou mesmo os que não senti e gostava de um dia me inundar deles. Podia contar historias que aconteceram ou que nunca aconteceram. Historias ou estórias. Ou pesadelos ou sonhos ou contos ou poemas. Ou nada, ou alguma coisa. Ou alguma quase coisa.
Tenho tanta coisa para escrever que nunca escrevi. Coisas que sempre tive, ou que nunca tive e tenho agora. Coisas que perdi. Coisas que ainda vou ter. Nada. Tudo. Agora sim. Decidi. Vou começar a escrever. Bem ou mal quero começar a escrever. Escrever por escrever. Porque gosto. Porque quero perder o medo e deixar de sufocar por ter medo de escrever bem. Ou mal. Não interessa. Tenho tanta coisa para escrever. Tanta vida para contar. Pessoas para ser. Viver. Chorar. Rir. Foder. Matar. Morrer. . .
É isso. Tenho tanta coisa para escrever. Por mim. De mim. De tudo. Ao meu jeito vou começar a escrever. Porque gosto. Porque respiro. Porque escrevo. Tenho tanta coisa para escrever como gritos e sussurros e segredos e risos e choros. Respiro fundo e digo para mim sim, vou começar a escrever, e sabe-me bem e sorriu. Por isso, com tanta coisa que quero escrever, vou começar a escrever. Com tanta coisa que tenho para escrever. Com tanto por onde começar, comecei. E com tanta coisa para escrever comecei a escrever nada.





Moon_T

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Comentário "Máscaras"







São apenas máscaras. As caras que vestimos para que os outros nos vejam.Tão sedentos de julgamentos que se esquecem dos valores. Ansiosos de tudo e nada.
E nós? O verdadeiro "nós" vai-se afundando nas mentiras que vivemos aos olhares dos outros que preferem ver apenas com os olhos.
Nós, os que queremos "ser", que ousamos sonhar no dia em que possamos usar orgulhamente "a nossa máscara"... a nossa verdadeira máscara... corremos pelas sombras como os sussurros das fofocas de velhas beatas.
Esta é a nossa forma de viver.
Pulamos por entre palavras, sorrimos nas fotografias e engolimos em segredo aquela arte que é só nossa, na esperança de que um dia nos olhem e pensem sem julgar: "Gosto desta estranha máscara." apenas porque sim.



Moon_T

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Fala-me





Fala-me do fumo
Fala-me do sono e dos sonhos
e da ausência.

Fala-me do Mundo

Enquanto sonho
Enquanto tento sonhar
Fala-me de ti
de nós...

Sonhemos juntos .

Caminhemos pelo traço de fumo
Enchamos o peito de céu
e a alma de nuvens
até que deixem de chover os olhos.



... abraça-me a paixão.


Moon_T













quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Lembro-me



Lembro-me
Como se sonhasse,
Dos dias começarem num sorriso.
Na inocência
Daquele tom suave de carícia.
De entrelaçar os dedos no cabelo,
De me rir, sem sequer gostar, ao sentir a barba farta no peito.

Lembro-me dos Verões e dos corta-vento,
Do som que a borracha fazia nos braços,
Das sandálias,
Dos pique-niques,
Da salada, do pimento e do pepino.
Do carro laranja.
Lembro-me das roupas artesanais de malha,
De camisolas de lã.
Das calças de bombazina, das galochas e dos botins.

Lembro-me como se fosse um sonho,
Dos aniversários, dos risos
E das cores vivas e garridas que hoje são sépia queimado do tempo.

Lembro-me
Das bagagens e das cidades
De pés descalços e tacos de madeira,
Das casas novas e novas moradas e dos punhos cerrados.
Lembro-me da primeira morte ( e todas as outras),
Do carnaval, da guerra, do bairro…
Lembro-me das grades, das chaves, dos muros,
Do couro nas costas e de portas fechadas.

Lembro-me,
Como se de um sonho se tratasse,
De voltar como se nunca tivesse ido.
Dos adeus aos cabelos grisalhos
De um acordar de notícias,
De querer chorar e não sair,
De não querer e não conseguir parar.

Lembro-me da carta
Maldita carta…
Lembro-me da noite,
Do fumo e do álcool.
Do sangue no reboco
Das sombras e das estrelas.

Lembro-me de me perder no caminho que tanto conhecia,
Da faca
Da raiva
E do rancor de boca seca.

Hoje, lembro-me como se sonhasse
E tento fazer do hoje um sonho…
Hoje,
Lembro-me de tudo o que queria esquecer.




Moon_T

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Insano por mais um dia



Sufoca o grito que não sai.
Os músculos contraídos e o sangue a bombear nas veias, quente, azedo…
Ardem os olhos enraizados, quase cegos… e a puta da lágrima que não cai!
Os tiques nervosos mantêm-se, aumentam…
Aumenta os cigarros amachucados nos cinzeiros.
Aumenta a expectoração… a tosse, o nojo.
Torna-se cada vez mais difícil manter um raciocínio lógico, só um. A cada tentativa de fuga daquele túnel miserável, pútrido e fedorento, parece que mais longe fica a saída.
As moscas não largam a pele morena, irritantes.
A ausência torna-se maior e sente perder-se numa sala vazia, cheia de nada. As ruas tornaram-se um imenso campo sufocante. As multidões aflitivas. Demasiados sons, demasiadas caras, demasiados bafos quentes e nojentos. Fecha a porta à chave.
Sonâmbulo diurno e insoníaco nocturno, cansado da fustigante forma de ser. Engole o vómito de auto-comiseração.
Sonhos suados de sexo e morte.
Acorda em frente ao espelho e depara-se com o seu reflexo, de mãos sujas, a espalhar espuma pela face, testa, pescoço. Os dedos sem unhas, espreitam pela espuma e tentam rasgar a pele.
A água fria refresca os olhos que espreitam pelas gotas correntes de uma cara que já não conhece.
Revira-se de novo na cama que range e ameaça partir-se. De costas para a parede escura onde esperava encontrar uma mão, ou aquele cheiro, ou o beijo…
Nú, descoberto, o calor não larga e aperta o pescoço…suspira.
Fuma mais um cigarro por entre as outras centenas. O fumo enche o quarto. E do cinzeiro cheio à mesa-de-cabeceira sente o cheiro do fim. Pinga-lhe a sanidade pelos poros e bebem-lhe os insectos da pele.
Contraem-se os músculos para mais um dia de olhos abertos.
O grito sem sair
E a puta da lágrima que ainda não cai.
Há-de parar quando morrer.

Moon_T


tool - cold and ugly

quarta-feira, 15 de julho de 2009

inútil





Abomino as fatalidades do destino,
Repudio a ironia sarcástica deste viver.
Morro-me cada vez mais por dentro
Enche-se um vazio aos poucos.
Cresce a misantropia de mim… em mim.




Abana-se-me o Mundo
Da raiva
Inútil
Do mundo de mãos atadas
Inútil
Réplica de um terramoto que ninguém deu conta


Moon_T


Michael Nyman - The Sacrifice

sábado, 4 de julho de 2009

Odores...






Rasgam-se os odores pela noite de Verão
Escorre pela mente a quente e mucosa baunilha
Banham-se os corpos num suave paladar amorangado
Aquece a pele
Pingam os seios que escorrem pelo tronco até ao regaço
Gemem os olhos semi-cerrados
Sente-se o todo

( no intervalo dos gemidos e suspiros
Confirma-se o quão bem ficam os calções despidos no chão)

E ferve o mentol de dentro pra fora
Que sobe até à garganta
Até que vem num tremor…
Que vicia
… e é tão bom.






Moon_T




NIN - perfect drug

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Pormenor











No pormenor,


Palavras ocasionais e actos fortuitos fazem crer que os olhos estão errados.


No engano do desengano,
Engole em seco
E foge ao desencanto pela lágrima que escorre do ponto de interrogação

Veste-se de uma verdade que não vê, em que insiste acreditar mas finge não entender

E vive no pesar dos sentidos,
Nos pormenores onde vê não morar.



O pormenor,

Não é dor, é lamento.

Um chorar seco que espreita… pinga um pouco pelo buraco no peito.






Moon_T









Portishead - Mysterons


sexta-feira, 19 de junho de 2009

Escorrem pensamentos
















Escorrem os pensamentos
Molham-me de ti
Pinga o teu sabor
Na angustia de te querer

Cantas-me rimas de um sabor viciante
No balançar do som de uma melodia só tua

As gotas da melopeia que me encharcam a pele
Perfumam as do meu rio
Onde te tornaste cascata do meu leito.

Escorrem-me os pensamentos
Molham-te de mim

Deslizam-se-me as gotas no teu cheiro
Dançam-te na pele

Deito-me onde o rio desagua
E sobre a espuma,
Toco a minha melodia
Com as gotas que espalhaste.














Moon_T







jo manji - jo manji

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Erros certos

















Passeio por novas ruas e cruzo-me com novas caras.
Julgam-me outros olhares à passagem.
Abanam as cabeças e rodam os pescoços em análise ao pormenor que a todos falha.
Falsos sorrisos respondidos com a sinceridade camuflada pela sensível máscara hipócrita que me ensinam a usar. E tão bem que fica…
Tentando apanhar a corrente de novo, as rasteiras do destino insistem… Sarcástico, irónico, mas não obstante, real.

Toca o sino à hora errada.
Cruzam-se os caminhos errados.
Contra o vento, tento encontrar a ambiguidade do momento que apenas se demonstra igualmente errado. Procuro o ponto em que seja possível dois menos serem mais.

No caminho errado busco a hora certa.
Na hora errada tento o caminho certo.
Procuro o caminho certo na hora certa.
Novo nome, nova máscara, nova cara, novo destino.

Com esta máscara nova a única certeza que prevalece é a sede de avançar e a fome de ti. Estas sim, crescem, sem dúvidas, no caminho certo.
Por entre o vendaval das horas e as sombras do caminho, acalma-se-me o peito, espero…







… e quando a brisa amaina, oiço o sussurro das palavras que nunca disseste.












Moon_T





depeche mode - wrong

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Hoje os teus labios acordaram-me (XXX)







Hoje os teus lábios acordaram-me
Levantei-me com sede do teu sabor
Sonho acordado com o calor do teu peito no meu
Sozinho na sala, relembro o toque das tuas mãos no meu peito
A passearem-se pelo pescoço onde se cerram os teus dentes
A língua a descer pelo tronco.
Sentir os cabelos escorrerem pelo peito…
A suave sensação que me faz fechar os olhos.







Os dedos deslizam pelo falo
erecto
quente
agarra a mão farta de calor.
Molham-se os lábios para o beijo
Sobe a língua até ao cume
E mergulham os lábios no prazer.

Ecoa um suspiro que foge por entre os dentes
Ao expirar, deslizam mais um pouco para dentro da boca
Sente-se a textura que roça nos lábios macios.
Escorre a saliva
Brilha um fio que prende os lábios à cabeça.


Massajam-se as mãos na humidade.
As pernas trepam pelas minhas
Roça a cabeça pelos encharcados lábios da vagina
Escorregam molhados
E suavemente
Sente-se a penetração ao mais quente pormenor…




Moon_T




cafe del mar - cafe del mar

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Mudança





Muda o cenário,
Renasce a incognita
e ao longe
da luz
rufam os tambores


Moon_T

toranja - cada x mais aqui

domingo, 17 de maio de 2009




Neste meu aniversário
Otep - Buried Alive



Parabéns a mim






Moon_T

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Desapareço na demência



Pairam as vozes agudas e irritantes à minha volta. Violam-me o silêncio...
Os ecos consomem-me a sanidade. Sinto-a a esvair-se a cada segundo.
Fugiu-me o sono.
Sinto as veias dos olhos a arder. Sinto-as a latejar como se larvas estivessem a abrir caminho para chegar ao cérebro.
Borbulha-me o sangue nas veias, cáustico, ácido, azedo…

Entrei num estado de demência. Sei disso…

Enoja-me este mundo a que não pertenço. Repugna-me a hipocrisia e dá-me vómitos esta imbecilidade voluntária que insiste em prevalecer.
Recuso-me a acreditar que é geral. Que não há escapatória. Que não haja um sitio onde pertença.
Desvaneço aos poucos. Sinto-me a desaparecer na minha própria demência.
E cada vez mais quero desaparecer…

By Moon_T




NIN - March of the pigs

terça-feira, 14 de abril de 2009

Acordado








Aqui continuo


Acordado






Talvez hoje adormeça antes da hora de acordar . . .
By Moon_T



sexta-feira, 27 de março de 2009

Levem-me também os ossos



Perco-me na insanidade desta realidade.

Consome-me a demência ranhosa de apenas ser.

Ser...Esta dormente insónia de tentar.

Falham-me as veias, derretem-se as horas e perdem-se os sentidos numa efeméride tortuosa.
Destroi-se o silencio numa estática ruidosa que prevalece.



Não chega...não chego...Nunca



Levem-me

Levem-me o corpo que envelhece

Levem-me a alma que apodrece

Levem-me...E levem-me também os ossos.






By Moon_T











sábado, 21 de março de 2009

Um dia, Amigo





Um dia,
Amigo,
Iremo-nos sentar,
embriagados em tertúlias
Banhados por um Sol de Prata
E enquanto partilhamos o copo meio cheio
Jogaremos as palavras ao Tejo.


Moon_T

sábado, 14 de março de 2009

Cores do teu cheiro










Apaga-se o sémen na ponta dos meus dedos
Sinto a falta da cor púrpura do teu corpo a desbotar pelo meu.






Devora-me o vício das tuas cores....











Tenho fome da tua voz.

De a sentir ecoar no negro da minha alma.
Tenho sede da tua boca, dos teus lábios...


Sede de ti.









Não vejo a hora de me perder no veludo do teu toque
Deixar-me consumir pela luxúria do teu lilás e pelo vermelho do teu desejo
E encontrar-me na fronteira de bronze e prata do teu decote.







Quero as tuas cores em mim...
e a ti no meu cheiro.



By Moon_T

quarta-feira, 4 de março de 2009

Vagueia na calçada




Vagueia pelo negro das ruas
choram-se as lágrimas que secam na pele.
Ilumina-se o olhar prateado ao longe
e brilha novamente a calçada.
By Moon_T



sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Basta







Aperta o amplexo da sombra novamente.
esconde-se o rosto na lágrima
duma mascara poisada.
Tento alcançar os raios que espreitam
que se fundem na paisagem funesta
nesta paisagem sem horizonte...
Enche-me o desespero.
Basta.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

.I





Encontre-mo-nos no outeiro
Onde se cruzam os caminhos
Do outro lado do mundo
Onde o silencio desvanece
Pelos beijos largados entre as copas das arvores.

Gelam as maos
E relembro nossos corpos encaixados
Como troncos na lareira
Que a chama consome
.


Aguardo à sombra de um céu sem estrelas...

By Moon_T

Also...

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