quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

nao me reconheco...


é á noite que saio

é de noite que vivo

á noite passeio sem destino pelas ruas inundadas de rostos vazios

o meu cinzeiro é a calçada

onde apago as paginas rasgadas do que foi

outrora

uma vida.

perco-me nas encruzilhadas

nos becos escuros

á procura de nada

simplesmente nada.


de maos nos bolsos e de cabeça baixa

inclino o corpo contra o vento

espreito pelo canto do olho e reparo no reflexo disforme das vitrinas

nem me reconheço

nao me reconheço...



Moon_T



terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Arrumações


Arrumações

Mais uma noite em branco que passou

Sinto saudades das noites escuras em que me perdia no silêncio do meu ser

Procuro paz de mim, em vão.

Abro a mala de viagem e vasculhos as lembranças do passado

Um passado, uma vida

Ao olhar para esta moldura rachada, sacudo o pó dos momentos

Revivo tempos que passaram

Recordo paginas rasgadas, usadas

Inspiro,

O cheiro a mofo prende-se no nariz

Dá me nós na garganta

E suspiro…

Conformo-me com os dias

Guardo na prateleira as memorias voluntarias e

Arrumo-as devagar,

Sei que não as vou perder

Mas deixo-as no seu lugar

Acendo mais um cigarro e reconheço o caminho de volta

Aceito o meu fado com tanta certeza como os caminhos que tomei

Fecho os olhos e abro os braços

De bagagem aviada e prateleiras arrumadas

Tento seguir o meu caminho a sorrir

Porque ao bater no fundo

Só resta subir.







Moon_T

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Ouve-me


Ouve-me

Revolta-te

Explode

É o que voz na minha cabeça me diz.

No silencio da madrugada

Estas vozes assombram-me de uma forma inexplicável

Todas as madrugadas é o mesmo,

Sinto todas as madrugadas como as ultimas.

Todas as madrugadas é o mesmo:

Ouve-me

Revolta-te

Explode.

Começam a dominar-me

Pois cada vez mais me canso de resistir

E cada vez mais lhes dou ouvidos.

Passo os dias a pensar como será o meu acordar?

E isso revolta-me

Revolta-me profundamente.

Penso em como só os loucos ouvem essas vozes.

E eu não sou louco.

Todas as noites eu passo em branco

Com medo que estas vozes roucas me atormentem de manha

E, como sempre ao nascer do sol lá estão elas;

Roucas, a sussurrar:

Ouve-me

Revolta-te

Explode

E eu tapo os ouvidos e finjo não as ouço…

Até ao dia que as vou ouvir

E me vou revoltar

E vou explodir

E só nessa altura saberei ao certo

O que será que me estão a dizer…

Até esse dia

As minhas noites serão sempre aquele silêncio ensurdecedor

À espera de ouvir: Ouve-me. Revolta-te. Explode.

by: moon_t

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