quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Rasgaram-se-me as páginas





As folhas gastas da sebenta já se esqueceram do gosto da saliva que outrora morou nos seus cantos. Foge a tinta para a lombada com o pingo mordaz perdido por entre as páginas.

Bailam as letras perdidas ao som do rasgar das folhas desgarradas.

Libertam-se as páginas antigas cobertas agora de um amarelo cansado.


Na escrivaninha, mantêm-se as manchas do copo meio vazio, companheiro das noites solitárias.
Solta-se a cera da vela incandescente.

Pela luz ténue sobressai o fumo suspenso da morte de um cigarro.

Jaz agora o caderno vazio das escritas decrépitas, com folhas virgens.

Rasgaram-se-me as páginas manuscritas entregues ao pó.

Dimana assim uma nova caligrafia.




By Moon_T

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