segunda-feira, 8 de setembro de 2008

A pauta em que me adormeces











O que vejo no horizonte é uma clave de sol no meio de uma sinfonia caótica e desafinada em que se tropeça nas notas musicais penduradas nas pautas, abanadas violentamente pela batuta de um estupor de maestro.

Seja o que for, fecho os olhos e dou um só passo em frente. Na certeza que não estarei sozinho, por alguma opção que não só minha.

Compõem-se as notas, derrete o gelo, queima o cigarro…

Começa uma nova ária…

Oiço ao longe as pancadas de Molière, aguardo o deslizar do pano…

Silencio…







Aqui sentado, encho o copo uma vez mais.
Doce veneno que me escorre pela garganta.

O som da pedra do isqueiro ecoa nas paredes vazias de um Coliseu que me envolve e sinto a pura essência da ausência. Não reconheço como solidão apenas e só, ausência.

Repudio as notas passadas pois nada mais há a fazer, olho em frente e o que vejo? Um rosto, um sorriso, um novo Mundo. Uma nova peça.

Choram-me as palmas das mãos. A arritmia cardíaca quase que não me permite respirar fundo, no entanto, vivo.

Oiço a composição de uma melodia até hoje desconhecida.


Fecho os olhos e mesmo sabendo que o caminho em frente é deveras acidentado, prossigo ao som desta nova melodia.

Vejo uma mão estendida, ritmada no compasso, no entanto, trémula. Mão que tanto quero pegar...abraçar.

Minhas mãos calejadas e frias, não são fardo leve… trago correntes e cicatrizes demasiado ascorosas para que seja par num cenário cabal.





Deixo-me hipnotizar por esta peça, por esta arte. (que és tu)

Absorve-me a beleza desta ária… abraçam-me as notas e reparo que não são correntes, mas sim as pautas que me suportam.


Apoio-me e adormeço…

És a pauta onde adormeço.



By Moon_T

10 comentários:

Vitória disse...

Eh..hoje foi um dia cheio de inspiração.;)

Beijo

Anônimo disse...

Após leitura pausada entre um cigarro (que não fumo) e um copo de um líquido ardente a escorregar na minha garganta, paro e... olho em volta, subo a página para te reler. Não reli. Silenciei. E o meu silêncio foi o sorriso que me faltou...


Beijo.

Pearl disse...

E som onde acordas!

Como sempre...lindo!

beijinho

Pearl disse...

Já vi o som que te faz despertar!
Não é muito o meu genero mas acredito que não exista perigo de adormeceres!! obrigada pela atenção!

beijinho e bom dia!

Unknown disse...

ao som de uma obra prima...

a inspiração, as letras, as palavras, a pauta dos sentidos, as notas dos olhares... que se encavam num si-mi-dó de inquietudes que nos empregnam a alma...

cada um que imagine uma noite assim...

abraço.

mnemosyne disse...

...como acordes que demandam a serena melodia nasce a aguarela quando o dia cessa e no corpo colhe outra acústica

Beijo

Misantrofiado disse...

Há tanto tempo que adoro "Nessun Dorma", mesmo na versão dos Manowar.

Que ninguém durma, pois então.





Abraço

Touch disse...

Na calma desta noite onde sozinha perante o pc vou blogando, adorei ...simplesmente adorei. Confesso que hoje tarde quando cà vim efeito não foi o mesmo que agoras as 2:33 da manhã ...Adorei

Jinho
Touch

pin gente disse...

sendo assim, adormeces lindamente!

:)

Anônimo disse...

Descobri-te algures pela blogosfera...E que bela descoberta... Passarei mais vezes... Um doce veneno...

Beijo

Also...

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