sábado, 21 de junho de 2008

De caixão aberto





De caixão aberto
O aroma da cera derretida
De flores fúnebres
Misturam-se com o cheiro pútrido da morte que paira no ar.

Ouvem-se choros e lamentos
Tristeza momentânea de quem sente a prematura ausência
Murmúrios de juízos de valores e opiniões
Criticas cobardes ou meras críticas insignificantes
Falsos lamentos

De cútis pálida e serena
Jaz o defunto
De caixão aberto
E olhos fechados.

Destaca-se da multidão…
Do imenso manto negro
Uma cara que não chora
Seus olhos não vertem lágrimas
Não se ouvem murmúrios nem lamentos
Só a expressão de perda…
A expressão de memórias
A expressão de quem chora com o coração

Suavemente se aproximou do caixão aberto
Acariciou a sua face,
(A do defunto,)
Como se fosse a primeira exploração…
Debruçou-se sobre ele, respirou sobre ele
Como quem espera resposta
Como se aguarda-se uma troca de suspiros

Um longo e sentido beijo se perdeu naquele caixão
Ofertou-lhe um segredo:
“Leva-me contigo”…
Só isso…

Dois dias após o funeral, deitou-se como todas as outras noites
Para não voltar a acordar…





By Moon_T

5 comentários:

Azul disse...

Moon T...

O efeito que este teu texto teve em mim está longe de conseguir ser descrito.

Apenas te digo, que um dia "alguém" quis segredar... e de certa forma segredou... mas não ao ouvido algo semelhante.

Que este teu texto seja apenas um poema... sem qualquer realidade "tua", porque é doloroso demais a perda e tudo o que ela nos provoca ao longo da vida.

Um beijo
Azul

psique disse...

tão bem escrito, tão sentido, tão intenso... triste sim, mas belo na sua tristeza.

gostei

***

Som do Silêncio disse...

Moon T

Mais um texto cheio de sentimento.
Este sublime!

Adorei...só consigo dizer isto!

Beijo
Som

Op.Louca disse...

As palavras não são somente uniões de letras, mas são significados da mente e da humanidade. Nem sempre a palavra precisa ser compreendida, mas simplesmente notada na sua verdadeira forma transcrita...

" Ele trazia em suas mãos o seu zippo; no seu olhar a chama da vida; irradiava intensamente com luz a escuridão que havia naquele espaço, sentava-se e com seu ar deslumbrante, mexia calmamente o café e logo após acendia o seu cigarro e saboreava-o silenciosamente...era homem discreto no falar e no seu proceder na sua maneira de estar, a sua forma nobre e elegante não passava despercebida aos olhares que o rodeavam.
Um dia saiu de relance como se nada lhe estivesse ao alcance, o tempo foi passando, os dias voando, os segundos saltitando no coraçao de alguém...
( onde estaria aquele homem que com seu olhar lhe arrancou a alma?! Que com seu sorriso a embriagou de amor?!)
...saiu porta fora, caminhou durante três horas pelas pedras da calçada, deixou-se cair sobre as pernas cansadas e Gritou Silenciosamente por ele! Cansada, rastejou-se de volta a casa, seu telefone tocava:
-Alôôô...
.........
.........escutou-se apenas:
NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO.
Até hoje as lágrimas escorrem-lhe pela face, deixando que aquela dôr secreta que lhe invade o coração ainda se pergunte porque ficou ele "retido" naquela história incompleta que a deixou repleta de solidão?!... "

Jorge Bicho disse...

de baixo da madeira, e das pegas em ferro, debaixo dos corpos e do que memorizam, existe este estranho afecto pelo que se perdeu, e este estranho refúgio nas palavras que vão para além dos textos.
eu gostei e vou voltar. Adiconar o teu blog, é força da minha vontade...
um abraço
JB

Also...

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