quarta-feira, 25 de junho de 2008
A Escalada
Abrem-se as portas de um portão enferrujado.
Liberta-se a visão do estreito caminho que vai dar à margem do rio.
A cada passo dado no trilho de terra batida, espreitam seres em olhares camuflados de vários tons de verde. Curiosas criaturas…
Suavemente canta o rio, para quem o quiser ouvir, calando-se a cada passo mais próximo.
Parado à margem, sem que a agua e os pés se toquem… deslumbro o espelho liquido que se recusa a reflectir a alma… o olhar acompanha o horizonte.
A brisa revela a paisagem vulcânica de montes e vales que a compõem.
Ao caminhar ao longo do rio, a cada passada, bate o coração, esvazia-se a mente… faz-se sentir o sangue nas veias e o arrepio na pele.
Caem as nuvens, cobrindo a vista com um manto branco e húmido, assemelhando-se a um lençol macio, acabado de lavar…
Por entre a neblina ressai a base da montanha mais alta… um gigante a olhar de cima para baixo de forma altruísta e desafiante para uma formiga… prestes a pisa-la.
A pedra virgem da madrugada refresca as palmas das mãos… Segue-se o picotado do caminho invisível cravado na rocha.
Ora a brisa amiga apoia o corpo gelidamente suado, ora o vento oponente empurra para baixo onde se estende a fatalidade de um trapezista sem rede.
Arrasta-se o corpo em direcção ao céu.
Aproxima-se o tapete branco que gela a pele, mantendo-se apenas morna, graças ao fogo sangrento cuspido pelo coração acelerado.
Do alto da montanha encho os pulmões de ar e grito o meu nome
O eco não responde… e o vento responde o teu.
By: Moon_T
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4 comentários:
Moon T
Só te posso dizer que escalei essa montanha ao mesmo tempo que tu!
Senti cada momento.
Simplesmente delicioso este texto...
Beijo terno
Olá Moon T,
Uma escalada de sentires.
Atrevo-me a dizer que é uma escalada ao encontro de nós próprios!
Adorei fazer esta escalada! E a música... é perfeita para a acompanhar!
Bj
Azul
Trouxe o espumante e escalei contigo para lá em cima brindarmos ao momento
Magnifico texto
abraço
Devia ter comentádo este primeiro que o outro, porque as nossas conversas vão parar ao "medo" este seria o momento quase perfeito para o entender...
Sabes o que aconteceu aqui...?
O medo adormeceu, a escrita faz isso...
A tua prosa diz-me isso.
Porque o risco de entrar por um caminho não está em encontrar a sua saida...
"o eco não responde"
quantos "ecos" ouves na montanha das palavras?
O encontro deve ter o silêncio dos mestres...
sem cumprimentos porque já os tens...
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