Aperta o amplexo da sombra novamente.
esconde-se o rosto na lágrima
duma mascara poisada.
Tento alcançar os raios que espreitam
que se fundem na paisagem funesta
nesta paisagem sem horizonte...
Enche-me o desespero.
Basta.
Eu sou o anjo do desespero.
Das minhas mãos distribuo a embriaguês,
a estupefacção,
o esquecimento, gozo e tormento dos corpos.
Meu discurso é o silêncio, meu canto o grito.
À sombra das minhas asas mora o terror.
Minha esperança é o último suspiro.
Minha esperança é a primeira batalha.
Eu sou a faca com que o morto arromba o seu caixão.
Eu sou aquele que será.
Meu descolar é a sublevação,
meu céu o abismo de amanhã.
[Heiner Müller]
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