Acabo de por a mesa. Repleta de cores e doces à vista. Os raios de sol passeiam-se pela sala iluminando a mesa como um altar. Sem pratos nem copos e poucas garrafas, alguns doces e no centro o bolo de aniversário.
A porta está trancada pois não há convidados a chegarem. Para quê convidar alguém quando ninguém se lembra? Desnecessário...
Incendeio mais um cigarro e bebo um copo de licor. Olho em redor e sinto o silêncio pairar pela sala. A solidão já não se abate aqui. Só a saudade se mantém.
O relógio de parede bate as horas e o pêndulo aponta para a garrafa de champagne que está bem ao meio da mesa.
Acendo a única vela do bolo, fosforescente, daquelas que fazem barulho e parecem fogo-de-artifício. E canto alto e bom som:
A porta está trancada pois não há convidados a chegarem. Para quê convidar alguém quando ninguém se lembra? Desnecessário...
Incendeio mais um cigarro e bebo um copo de licor. Olho em redor e sinto o silêncio pairar pela sala. A solidão já não se abate aqui. Só a saudade se mantém.
O relógio de parede bate as horas e o pêndulo aponta para a garrafa de champagne que está bem ao meio da mesa.
Acendo a única vela do bolo, fosforescente, daquelas que fazem barulho e parecem fogo-de-artifício. E canto alto e bom som:
Parabéns a você
Nesta data querida!
E basta.
Pego na única prenda que lhe comprei; um ramo de flores… que cliché… odeio clichés!
Tendo disfarçar o cambalear até ao carro, abro a porta e sento-me. Dou o último gole no copo de licor e pouso a garrafa de champagne ao lado do bouquet no banco do passageiro.
Nem cinto de segurança ponho. Para que? Na pior das hipóteses vão-me multar… e então?
Ponho-me em marcha. A luz encandeia-me e o tracejado do asfalto parece fugir do meu caminho. Mantenho o carro na estrada o melhor que consigo. O trajecto é curto.
Viagem terminada, estaciono o carro atravessado em frente ao portão. Pego no bouquet e na garrafa, cambaleio disfarçadamente de sorriso nos lábios e sento-me na pedra.
O estrondo da rolha a saltar assusta os pássaros que levantam voo parecendo uma frota de aviões numa prova de perícia aérea. Escorre a espuma pelas mãos e levo a garrafa à boca bebendo de golada o tão doce champagne. Estendo o braço como que a perguntar se era servido mas sem resposta. Bebi meia garrafa e pousei-a na campa fria diante da foto gasta do tempo. E a sorrir embriagado penso em voz alta:
Parabens
Até breve…
By Moon_T
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