segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Acalmo-me no teu olhar…






O barulho da respiração torna-se imenso. Tudo em redor parece mover-se em câmara lenta.


Começam as comichões novamente...


Cerram-se os punhos. Os músculos convulsionam cada vez com mais força.


Abrem-se os poros que libertam pequenas gotículas de suor que insiste em não escorrer. Cola-se a roupa ao corpo.


À medida que olho em redor, os dedos passam pelo cabelo num gesto involuntário. Um despentear constante.
Passa a mão pelo pescoço...


Os espaços estão cada vez mais pequenos.


As tentativas falhadas de acender o cigarro pendurado nos lábios só pioram o estado de desassossego que insiste permanecer no peito. A pedra gasta do isqueiro solta faíscas minúsculas que se reflectem num olhar cada vez mais perdido no escuro.


Num caos de vidros partidos, de luzes intermitentes e gritos, sobrepõe-se um zumbido constante na cabeça. Sem alternâncias de tom. Mexem-se as bocas mas nada se ouve. Nem os passos corridos que sobem os degraus e pisam os estilhaços espalhados pelo chão.


Temo a historia a repetir-se…uma historia que está tão bem adormecida... rangem os ossos no fervilhar do sangue nas veias.


Começa a baixar um pano de estrelas sobre a visão novamente…



[Respira…]



Viro-me na busca dos teus olhos. Anseio encontra-los virados para os meus.


Os dedos que escorregam pelo braço e se acomodam na palma da minha mão suada conseguem acalmar a insanidade voraz que faz questão de não ser esquecida.


Acalmo-me no teu olhar…



Acende-me o cigarro.













By Moon_T

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