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Confissao
Fui eu quem o matou.
Já passou tanto tempo que nem me lembro a data certa.
Convidei-o a minha casa, o que ele aceitou.
Após uma curta conversa, pois na verdade, pouco havia a dizer,
senti um formigueiro na barriga e assentei as minhas mãos no seu pescoço.
O certo é que pouco reagiu...
Apertando com força o seu pescoço, nao conseguia pensar em nada
Sentia-o a tentar respirar... o ar a ficar retido na garganta
O pulsar do coração...
Fazia tanta força que sentia os meus musculos a arder...
Apertei-lhe bem a traqueia...
Reparei nas micro hemorrogias nos seus olhos, como que quase chorasse lagrimas de sangue.
Aos poucos foi se instalando a calmaria...
Mesmo depois de estar o corpo já sem reacção, ainda mantive as minhas mãos no seu pescoço por uns instantes.
Nem sei quanto tempo... só sei q quando finalmente levantei as mãos, nem as sentia.
Doiam-me os braços.
Pingos de suor frio escorriam-me pelas costas.
Levantei-me e observei o corpo estendido no chão...sem vida... Com um estranho sorriso e a olhar para o vazio...
"Que fiz eu?..."
Arrastei-o para as traseiras onde o enterrei.
Ainda hoje me perguntam por ele. Ao que respondo que nao sei com toda a naturalidade possivel.
Sabendo ... que fui eu que o matei.
Limpei toda a divisão, lavei e arrumei. E tranquei a porta. Raramente lá vou.
Mas ainda hoje quando lá tenho de ir , vejo o corpo ali estendido...
Sinto o cheiro putrido da morte que lá se instalou. e sei que lá está o fantasma ao canto.
Fui eu que o Matei.
Por isso deixo aqui a minha confissao, não vejo para quê manter mais este segredo.
Venha quem vier, eu confesso e aceito as repercussões.
Ele nao fugiu, nao desapareceu, nada disso,
Fui eu q o Matei!
o seu corpo jaz nas traseiras de minha casa onde agora nasceu uma roseira... irónico...
Matei-o e sei o que fiz...confesso.
O seu corpo está enterrado, preservo-lhe o olhar na mente...
Mas guardo-lhe a alma no meu bolso.