sábado, 31 de maio de 2008
Vestir
visto-me de ti...
tuas pernas o meu cachecol
tuas mãos o meu lençol
És a roupa que me aquece
o calor que me arrefece
teu corpo meu casaco, meu resguardo...
és a roupa que me aquece
de dentro pra fora...
A seda que me assenta no corpo,
O veludo que me suaviza a pele
O arrepio...
A roupa húmida que em mim se entranha
Que me molda a imagem
Que me deturpa a mente
És a minha roupa
e
Adoro vestir-te
By: Moon_T
sexta-feira, 30 de maio de 2008
Notas de Outono
Oiço esta leve melodia que me embala...
Viajo... Viajo por entre vales e bosques
Sobrevoando o deserto e sentindo a leve brisa morna na cara
inspiro e fecho os olhos
Deixo-me levar neste momento único
Solto-me nesta cela molecular onde deixo de existir
As notas musicais invadem me o corpo
como que se me devorassem a alma.
Coiotes famintos que caçaram a sua presa.
Na noite
o seu rosnar ecoa pelas copas das arvores despidas e humidas
Nao resta mais nada.
Até que se ouve o ultimo acorde...
Aquele ultimo toque
Um toque que se sabe inevitavel mas sempre inesperado
e que nos deixa sedentos de mais.
O ultimo golpe
O golpe fatal.
Tão doloroso como uma despedida...
Silencio.
Este silencio que me invade a alma
Um silencio ensurdecedor que nunca conseguirei explicar...
insuportavel
Tão insuportavel como o fim...
Fim...
By: Moon_T
quarta-feira, 28 de maio de 2008
6 Sentidos
Deparo-me neste quarto de tonalidades Fuschia e negras
de luz ténue e amena.
Buscas-me no olhar e encontras-me.
Nesta luta agridoce , perdemo-nos no jogo de sedução...
Até que a inevitavel derrota nos toca.
Envolvemo-nos na dança dos corpos e ligamos a banda sonora desta curta metragem.
O abraço perpétuo que nos envolve traduz sem margem o desejo.
Linguas entrelaçam-se de forma tão natural que nossos sabores se misturam.
Dançamos até ao local do crime...
É nesta dança violenta sem ritmo que nossas roupas se rasgam, sem dar conta
ou interesse.Deixamo-nos ir na sintonia desafinada do momento.
Nossos corpos despidos de preconceitos
de tabus
de nada
Nús...
Ascende a chama desta fogueira que acendemos.
Inalamos o fumo que nos faz perder a lógica.
Enquanto o calor dos nossos corpos comunica entre si poemas de seduçao,
o ritmo dos corações bate sem sentido.
Mãos que te percorrem a pele como se procurassem algo que não queriam encontrar.
O aperto de nos sustem acumula-se...
(Tacto)
Mordo-te o pescoço e saboreio duas gotas do teu perfume
Ouves-me a respiração ofegante a dizer que te quer.
Quero-te
Apeteces-me
(Olfacto)
Danças sobre meu corpo e controlas a minha obvia excitação, usando-a à tua disposição
Sabes que é tua...
Enquanto desce, minha lingua vai deixando rasto nos caminhos das tuas curvas.
mordo-te o interior das coxas e puxas-me os cabelos por reflexo...
Saboreio-te
Deliras ao ritmo dela.
(Gosto)
Mordes o labio num sofrimento amargamente doce
Suspiras...
(Audição)
Possuo-te lentamente, saboreando cada momento que te devoro e te sinto pulsar.
Embalo-te o corpo , sem sentido algum , ao ritmo dos nossos suspiros
Arritmadamente Corrosivo...
Olhamo-nos nos olhos no mesmo tom de provocação que nos perdemos no infinito do prazer.
As tuas unhas Limpam-me a gota de suor que me escorre pelas costas
Ajoelhas-te sobre o meu corpo, dando-lhe continuação...
Crucificas o momento sem remorsos
Serpenteias ao som do prazer.
É esta a imagem que guardo.
(Visão)
Admiro a curva das tuas costas
Percorro as minhas maos no teu deserto...
Agarro-te
Seguro-te
Puxo-te
Até se dar a explosão extaseante...
O auge do prazer...
Elevamo-nos a um nível superior
Descontrolo absoluto
O auge dos sentidos... A nossa morte.
Deixo-me em ti, ofereco-me, aceitas-me.
Ao morrer ...
Até ao meu ultimo suspiro
Sei que te possuí os sentidos
Mas morro sem saber se a tua alma alguma vez será minha...
by: Moon_T
domingo, 18 de maio de 2008
Confissao
Fui eu quem o matou.
Já passou tanto tempo que nem me lembro a data certa.
Convidei-o a minha casa, o que ele aceitou.
Após uma curta conversa, pois na verdade, pouco havia a dizer,
senti um formigueiro na barriga e assentei as minhas mãos no seu pescoço.
O certo é que pouco reagiu...
Apertando com força o seu pescoço, nao conseguia pensar em nada
Sentia-o a tentar respirar... o ar a ficar retido na garganta
O pulsar do coração...
Fazia tanta força que sentia os meus musculos a arder...
Apertei-lhe bem a traqueia...
Reparei nas micro hemorrogias nos seus olhos, como que quase chorasse lagrimas de sangue.
Aos poucos foi se instalando a calmaria...
Mesmo depois de estar o corpo já sem reacção, ainda mantive as minhas mãos no seu pescoço por uns instantes.
Nem sei quanto tempo... só sei q quando finalmente levantei as mãos, nem as sentia.
Doiam-me os braços.
Pingos de suor frio escorriam-me pelas costas.
Levantei-me e observei o corpo estendido no chão...sem vida... Com um estranho sorriso e a olhar para o vazio...
"Que fiz eu?..."
Arrastei-o para as traseiras onde o enterrei.
Ainda hoje me perguntam por ele. Ao que respondo que nao sei com toda a naturalidade possivel.
Sabendo ... que fui eu que o matei.
Limpei toda a divisão, lavei e arrumei. E tranquei a porta. Raramente lá vou.
Mas ainda hoje quando lá tenho de ir , vejo o corpo ali estendido...
Sinto o cheiro putrido da morte que lá se instalou. e sei que lá está o fantasma ao canto.
Fui eu que o Matei.
Por isso deixo aqui a minha confissao, não vejo para quê manter mais este segredo.
Venha quem vier, eu confesso e aceito as repercussões.
Ele nao fugiu, nao desapareceu, nada disso,
Fui eu q o Matei!
o seu corpo jaz nas traseiras de minha casa onde agora nasceu uma roseira... irónico...
Matei-o e sei o que fiz...confesso.
O seu corpo está enterrado, preservo-lhe o olhar na mente...
Mas guardo-lhe a alma no meu bolso.
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