quarta-feira, 23 de novembro de 2011

ruínas


Fumas mais um cigarro.
E penduras as memórias em cabides
Presos por uma velha corda de sisal,
Agarrada às paredes amareladas
Que cada vez que respiras se desfaz mais a cal.  
Lá ao longe,
Naquela casa em ruínas prostrada no monte.
Naquele monte onde não deixas ninguém ir.
No topo daquela colina, onde não deixas ninguém subir,
Soltas o fumo como nevoeiro e pensas…
Sozinho,
Escondeste-te na sombra por trás porta
Como fazias em criança
E pensas que ninguém te vê.
Pensas.
Mas essa casa não existe
Não te consegues esconder.
Já não te podes esconder.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

quarta-feira, 30 de março de 2011

S/T


este mundo vai-se partindo,
desintegrando.
o mundo adoece e morre em voltas
à volta.

e enquanto isso,
relembro o pouco de tanto que se viveu.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

ouvi-te segredares-me ao ouvido


Shiu. . . Não digas nada.
toca-me apenas com os teus lábios e mata-me o silêncio.
ouvi-te segredares-me ao ouvido amo-te
e acordei.






segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Céus, as saudades que tenho da inocência...

sábado, 26 de junho de 2010

Perdoar é divino

A.Nova que me desafiou, à espera de um sentido que se perdeu por entre minutos soporíferos.   




Perdoar é divino,
Dizem.

Desafia perdoar o que não há.
Desafia o que não tem perdão.
O desafio é perder.

Está velho.
Velho e cansado.
Já não tem sangue
Agora, em vez de sangue
São memórias que lhe correm nas veias
Que se arredam das cicatrizes fundas
Que as entorpecem.
Memórias a preto e branco
De luas diurnas.
Os cabelos branqueiam a cada solavanco do ponteiro do relógio que finge já não ver.
Firmam-se-lhe os vincos na face
E a flacidez na pele e aqueles papos nos olhos
Está velho,
Velho
Demais para perdoar.

Depois da noite se lhe abater nos olhos
E as velas do bolo se derreterem como cobertura de açúcar barato
Sem chamas, sem sopros.
Depois de os ossos deixarem de bramir,
Depois talvez.
Depois de sentir,
Talvez,
Mas agora não.

-Perdoar é divino,
Dizem.
E não será pois por um qualquer desafio que existe ou passa a existir
Que apaga ou será
O perdão.
O Falso.
O Grosseiro.
O pérfido perdão.
E não será pois pelos amores em segunda mão,
Ou pelos abraços fechados, sorrisos solitários
Nem pelos beijos corruptos,
Nem gritos nem choros ou urros…
Nem pelos pais ou filhos, sem família nem avós
Nem mães, nem irmãos,
Sem mãos, sem dó e sem voz
Não será por nada nem ninguém
Que haverá o perdão.
Não será pelas vozes ásperas
Vestidas de falas mansas
Carregadas do veneno
Que lhe dá asco
Não!
Não será pois pelo passado em que o abandonou ele
A si primeiro que todos,
Que tudo
Por uma cave,
Por uma cama feita de lixo
e por um cobertor gasto
onde se enrolou como um bicho.
-Não!
A porta que se fechou ecoou pela escadaria
Ecoou o desprezo e a solidão
Ecoou a luz,
ao fundo…no sótão.
Ecoou sozinho o peso perdido do mundo…
Perdoar?
Perdão?
Não.

-Perdoar é divino.

Está velho
E apoia agora sobre o cajado toda uma vida
Todo um pesar de uma vida.
E sofre toda uma vida.
É senhor da sua casa.
Dizem que perdoar é divino
Mas nem deus nem o diabo lá entram
A casa é sua.
É senhor
Está velho.
Perdoar?
Não.
Está velho demais para perdoar.





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