segunda-feira, 30 de junho de 2008

Decessa







Bela, sedutora e de camisa aberta,

Em convite pornográfico e fatal,

Sento-me na poltrona e aguardo a tua chegada

Tão inevitável como certa.

Nua, terna e desejada.

Não te procuro, virás tu até mim

Encontrarás teu rumo como aves rapina acham o norte

Atraído pela minha forma de pecado

Entregar-te-ás a minha sorte.

Entregar-te-ás ao toque de minha pele

Só em mim, comigo encontrarás paz.

Provar-me-às e não mais quererás outro sabor em tua boca.

Terás meus lábios nos teus para respirar,

Meus dedos percorrerão tua face como o vento nas cearas,

Meu bafo será a tua melodia

Ópio de tua existência.

Colho o fruto da tua vida

Vindimo-te os sonhos e carrego os cestos vazios

Roubo-te o último suspiro na tua hora tardia.

Vem…

Sentes-me o cheiro no ar à medida que te aproximas.

Cheiras o medo inútil que te navega na pele e não te demove.

Ao simples vislumbre da minha pele entregar-te-ás sem recusa

Virás comigo de mão dada

Aceitar-me-ás como aceitas a loucura de sofrer.

Podeis chorar, mas não me negarás.

Por mim, tudo deixarás.

Perder-te-às no mar de meu olhar

Seduzido pela minha imagem,

Abraçar-me-ás como amante perdido de paixão

Pousarás tua cabeça em meu regaço,

Meu pranto cobrir-te-á como um segredo.

E adormecerás ao som da melodia que te canto.

Quando chegares, aceitar-me-ás sem recusa.

E entregar-te-ás a mim.

Serei tua sombra veraneia,

Meu olhar consumir-te-á a alma

E serei a tua cadência

Tua decadência,

O teu fim.

Meu nome é Decessa.







By Moon_T





domingo, 29 de junho de 2008

a.m.





Acordei com o som aflitivo do despertador que, cruel, às 7 da manha, decidiu por fim ao descanso merecido após uma longa noite de risos, de fantasias e desejo. Em reacção, premi o botão do silêncio impondo novamente a serenidade no quarto. Senti-lhe o braço envolver-me o peito e vi-a ainda a dormir pacificamente de sorriso nos lábios, como se sonhasse que era uma criança durante a entrega de prendas no natal. Perguntei-me várias vezes que sonho seria aquele que lhe desenhava um sorriso tão belo.

Sorrateiramente, esquivei-me dos seus braços, cuidadosamente para não a acordar e sentei-me à borda da cama como há muito não fazia. Um momento era o que precisava para começar um novo dia. Levantei-me cautelosamente para que os movimentos não fossem demasiado bruscos de forma a não causar balanço algum. Não queria perturbar tal sono pacífico que residia mesmo ali ao lado.

Ao passar as mãos pela cara, num gesto comum de tentar despertar, notei que ainda era intenso o cheiro dela e sorri. Num curto instante relembrei imagens que me ficaram e ficarão, para sempre, gravadas na memória. Imagens com sabor a chocolate… e sorri. Virei-me para a cama, só para me certificar se ainda lá estava deitada ou não estaria eu ainda a dormir. Foi então que me deparei com um retrato divino:

Seu corpo estava deitado sobre a cama, parcialmente tapado pelos lençóis. Mas não era de qualquer forma, não. Raios de luz atravessavam o quarto com o único objectivo de lhe banhar o corpo e de lhe aquecer a pele húmida da noite que passou.

Parecia que os lençóis tinham sido meticulosamente colocados de forma a que se notassem na perfeição as curvas daquele tão lindo e pálido corpo.

Uma perna estendida coberta pelo lençol e a outra ligeiramente flectida de forma que, naturalmente, as nádegas se avultassem.

As suas costas nuas tomavam contornos hipnóticos que, em simultâneo com os raios de luz da madrugada, gritavam o meu nome. Os seus cabelos pareciam penteados profissionalmente para o lado direito, expondo na perfeição as curvas do pescoço que, poeticamente, traçavam sombras dignas de uma exposição completa de fotografia a preto e branco.

Parei somente pelo tempo de um longo suspiro, que foi o suficiente para prender aquele retrato na minha eternidade. Não resisti em beija-la, mesmo correndo o risco de a acordar… foi mais forte que eu. Tive demasiados ciúmes da luz que lhe acariciava o corpo em vez das minhas mãos. Suavemente, debrucei-me sobre ela. O seu odor entrou-me pelas narinas, invadiu-me a mente e violou-me a alma. Sucumbi à tentação e encostei os meus lábios aos dela.

Como serpentes, seus braços envolveram o meu corpo e senti-me puxado para baixo. Quase sem dar conta, os seus seios colaram-se ao meu peito e encaixámos na perfeição. Naquele momento, o quarto parecia um puzzle e os nossos corpos a ultimas peças que faltavam para que a imagem dispersa se completasse. Completámo-nos. O mundo parou ali.

“Não vás.”, ouvi em segredo. Mas tinha de ir…

Como dois imans, os corpos custaram a separar-se. O suor pegou-nos. Custou demais…

Dirigi-me para a casa de banho, cabisbaixo, abri a torneira da água fria e lavei o rosto. Olhei-me ao espelho ferrugento pendurado na parede mesmo à minha frente e vi a cara alegre de uma alma que chorava pela dor da despedida. Rapidamente fiz o meu ritual diário e quando regressei ao quarto um só batimento cardíaco forte se deu… estava vazio!

Em pânico percorri toda a casa mas nada, ninguém. Abanquei-me aos pés da cama para tentar decifrar o que se tinha sucedido, olhei em redor e quando passei os olhos pelo despertador reparei nas horas: 04am.

Afinal o que foi que se passou?




By Moon_T


sábado, 28 de junho de 2008

Em tinta invisível




Pintando um quadro, um auto-retrato… Fluem as tintas numa banal tela branca, despojada de imagens ou cores. Sem paleta onde enfiar o polegar esquerdo nem forma de misturar as cores.
Mãos como pincéis delineiam traços sem sentido. Riscos trémulos e inseguros desenham formas disformes e defeituosas que nascem do nada. Impressões digitais assinam cada traço texturizando o desenho criando uma áspera e rugosa sensação visual.
Litros de tinta invisível escorrem pelo corpo, pincel voraz de imagens mentais, criando orgias de luz e cores.
Berros de artista, tortuosos trilhos formados pelos traços sinuosos delineados pela tinta transparente que, ao fim de segundos desvanece e desaparece como as ideias de um poeta se perdem e se misturam quando não são descritas em palavras atempadamente. Manifestações de amor, flashes de ódio, convulsões de paixão, tremores de medo, revelações de uma linda tragédia… loucura em estado cru !
Após estarem desenhados na mais perfeita tradução possível da imagem mental outrora imaginada, rostos e corpos e formas concretas, embora desfocadas, rasgam a sanidade e trespassam o artista que pegando nos baldes de tinta invisível, a lança violentamente contra a tela, cobrindo a obra com outra obra. O abstracto sobrepõe o realismo… Recomeçando uma nova pintura do mesmo ideal, com novas cores. Esfrega-se e rebola-se pela tela em risos sonoros criando uma bela anarquia revolucionária de sentimentos pintados sem regra nem padrão. Êxtase insano.
Finda a obra, contempla-a enquanto desaparecem as cores e fogem as formas. Observa-a de sorriso nos lábios.
Volta a sanidade e abranda o ritmo cardíaco para que, calmamente, pegue num pincel real e no canto inferior direito assine:
Invisível loucura…


By: Moon_T


boomp3.com

quinta-feira, 26 de junho de 2008

O teu bailado






Contemplo tua mente a fluir pelo teu corpo.
À medida que esta melodia invade o ambiente,
Fico estático... hipnotizado...

Balanceias a cabeça lentamente
De olhos fechados
e sorriso nos lábios
Serpenteias as tuas mãos ao som da música.
Danças como folhas ao vento numa aurora de Outono.

Sobressais do breu que nos envolve
Tua áurea rasga a escuridão do cenário
Qual estrela cadente em noite de Lua nova
Como gritos rasgam um silêncio de morte.

Tocam os tambores ao som do coração...
Rufam como exércitos de aves rumo a norte.
Em convulsões poéticas
Teu corpo copia as chamas da fogueira que nos aquece
Libertas a mente, soltas a matéria e danças...
Como se não pertencesses a qualquer parte.

Misto de desejo, paixão e arte…
Solta-se um beijo longo e apaixonado
E abraçados
Entregamo-nos à sorte.
Pára a música, cai o pano...
Retornamos deste mundo à parte.

Como é lindo o teu bailado.




By Moon_T









quarta-feira, 25 de junho de 2008

A Escalada











Abrem-se as portas de um portão enferrujado.
Liberta-se a visão do estreito caminho que vai dar à margem do rio.
A cada passo dado no trilho de terra batida, espreitam seres em olhares camuflados de vários tons de verde. Curiosas criaturas…
Suavemente canta o rio, para quem o quiser ouvir, calando-se a cada passo mais próximo.
Parado à margem, sem que a agua e os pés se toquem… deslumbro o espelho liquido que se recusa a reflectir a alma… o olhar acompanha o horizonte.
A brisa revela a paisagem vulcânica de montes e vales que a compõem.
Ao caminhar ao longo do rio, a cada passada, bate o coração, esvazia-se a mente… faz-se sentir o sangue nas veias e o arrepio na pele.
Caem as nuvens, cobrindo a vista com um manto branco e húmido, assemelhando-se a um lençol macio, acabado de lavar…
Por entre a neblina ressai a base da montanha mais alta… um gigante a olhar de cima para baixo de forma altruísta e desafiante para uma formiga… prestes a pisa-la.
A pedra virgem da madrugada refresca as palmas das mãos… Segue-se o picotado do caminho invisível cravado na rocha.
Ora a brisa amiga apoia o corpo gelidamente suado, ora o vento oponente empurra para baixo onde se estende a fatalidade de um trapezista sem rede.
Arrasta-se o corpo em direcção ao céu.
Aproxima-se o tapete branco que gela a pele, mantendo-se apenas morna, graças ao fogo sangrento cuspido pelo coração acelerado.
Do alto da montanha encho os pulmões de ar e grito o meu nome
O eco não responde… e o vento responde o teu.



By: Moon_T






terça-feira, 24 de junho de 2008

Reflexo do tempo






Todos os dias são iguais de uma forma única e original
O tempo não pára ...

O reflexo no espelho já não é o mesmo.
É a ferrugem do tempo que se entranhou no vidro
Terá ferrugem também do outro lado?
A imagem reflectida parece em falso;
Cabelos brancos… olhos amarelos… lábios secos...
Um olhar que não vê para além do reflexo… vazio.

No reflexo,
tempos passados denunciam as imagens outrora reflectidas.
No reflexo
O relógio de parede roda ao contrario
Avança em marcha-atras…
Mas não pára...

Do outro lado do espelho tudo é diferente
Mas nunca deixará de ser senão reflexo da realidade.
O tempo não pára… reflecte.




By: Moon_T



segunda-feira, 23 de junho de 2008

Sandalo






...........Acende-se a chama na sala de incenso
..........o intenso cheiro de sândalo invade as imediações
...ambientes aromáticos que hipnotizam a mente
.........................Simples manifestações do estado puro
.prazer dos sentidos



...................Ritmos aromáticos inquetam os corpos
..atraem corpos numa dança de incessantes caricias
..........Onde se funde o odor com o toque
......suavemente o mercurio sobe
.................de cheiros se intensificam olhares
...........................-..................
........odores suados tacteam os corpos
..........................E nasce um momento de caricias de sandalo




By Moon_T

sábado, 21 de junho de 2008

De caixão aberto





De caixão aberto
O aroma da cera derretida
De flores fúnebres
Misturam-se com o cheiro pútrido da morte que paira no ar.

Ouvem-se choros e lamentos
Tristeza momentânea de quem sente a prematura ausência
Murmúrios de juízos de valores e opiniões
Criticas cobardes ou meras críticas insignificantes
Falsos lamentos

De cútis pálida e serena
Jaz o defunto
De caixão aberto
E olhos fechados.

Destaca-se da multidão…
Do imenso manto negro
Uma cara que não chora
Seus olhos não vertem lágrimas
Não se ouvem murmúrios nem lamentos
Só a expressão de perda…
A expressão de memórias
A expressão de quem chora com o coração

Suavemente se aproximou do caixão aberto
Acariciou a sua face,
(A do defunto,)
Como se fosse a primeira exploração…
Debruçou-se sobre ele, respirou sobre ele
Como quem espera resposta
Como se aguarda-se uma troca de suspiros

Um longo e sentido beijo se perdeu naquele caixão
Ofertou-lhe um segredo:
“Leva-me contigo”…
Só isso…

Dois dias após o funeral, deitou-se como todas as outras noites
Para não voltar a acordar…





By Moon_T

antíteses paradoxais da alma





será normal que queira escrever , pondo à parte a primeira pessoa?
tento escrever de outra forma q não "eu"
separando o egoísmo e egocentrismo
n sai nada
escolho seja qual for o objecto
a minha escrita resume-se a mim
ao q sinto, penso, ou deixo de sentir
tudo eu
assustei-me
escrever de algo que não eu, não me permite escrever de forma normal, no meu padrão, no meu registo
obriga-me a escrever em forma de historia ou noutra forma que não a minha
não deixando de ser a minha
serei assim tão egocêntrico ou egoísta ou mesmo protagonista?



perguntas sem resposta...
musicas tristes,melancolicas com letras alegres
que se conjugam tao bem
a dor que dá tanto prazer
a beleza do agridoce
antíteses paradoxais da alma



by Moon_T


(divagações em dialogo... excluindo , obviamente, as resposta , é na integra , uma divagaçao real num dialogo com outra pessoa)

quinta-feira, 19 de junho de 2008

ao som de uma guitarra





I
Visto-me destes sons que me inundam a alma
E me engrandecem o desejo
Fecho os olhos e sinto
Respiro e vivo.

Vibram em mim estas notas musicais
Sinto-as como a tua mão
Em carícias
Teus lábios nos meus
Lentamente…
Numa dança onde se perde o norte
Dançando… devagar e forte

Inspiro esse som
Como se de cheiro se tratasse
Inalo… um aroma…bom…
Olhos, lábios, face…

Respiro e vivo
E sinto.

Balanço como árvore numa brisa subtil de fim de tarde
Subtil…
Subtil é o toque destas notas quando me invadem o corpo
E me enchem de fantasias, memórias e sorrisos
E lágrimas e tudo…
Saudade e desejo

Melancólica paixão que só musica traduz

Visto-me destes sons que me inundam a alma
E me engrandecem o desejo
Fecho os olhos e sinto
Respiro e vivo.


II.
O som da guitarra
Gemidos de prazer
Gritos de desejo
Sem letra … sem palavras
Puro som… tradução de sentimentos

De amantes
Para amantes
Sobre amantes
Como quem dá tudo o que tem para dar
Como quem quer receber.
Como musica
A fluir no corpo como agua da chuva
Como sangue nas veias
Como seda na pele

Como te sinto
Como te vivo
Como tu…
Ao som desta guitarra





By : Moon_T


terça-feira, 17 de junho de 2008

A eternidade por um momento





Momentos...
É de momentos que é composta uma vida
Momentos tristes
Momentos felizes
Sempre pequenos momentos, uns maiores que outros
Mas nunca um só momento ininterrupto.

É de momentos que temos lembranças
Por momentos nos dói o peito… a alma…
São momentos que se anseiam… que se deseja, que se espera
Num momento se ganha pouco
Num momento se perde tudo, ou se deita tudo a perder

É por momentos que se vive
É de momentos que se vive

Pessoalmente, já não creio num momento eterno
Peço “alguns momentos” quando isso para mim é tudo
Peço os bons, de qualidade, só isso
Para os meus maus momentos estarão presentes quem quiser e quem permitir
Para os maus momentos de outros, estarei lá eu, a quem me deixar…

Não peço a eternidade
Peço alguns momentos…
A eternidade por uma mão estendida, um abraço voluntario, um sorriso
A eternidade é um só momento que fica…
A eternidade não passa de alguns bons momentos que fazem com que tudo valha a pena

Que quero eu?
Alguns momentos…



By: Moon_T




domingo, 15 de junho de 2008

Vivo sem asas




.I
Durmo de dia
Tenho noites acordadas,

Fecho portas abertas
Abro portas fechadas,

Mando o pão fora
Alimento-me das migalhas,

Vagueio pela estrada
Acelero em curvas apertadas,
Não paro no vermelho
Não abrando em encruzilhadas,

Dou o que não tenho
Do que tenho já não dou nada,


E vivo assim...
Na busca utópica da felicidade
Escondo-me num rosto que nao é meu
Um livro aberto, escrito em braille
Letras juntas mas sem palavras
Uma leve brisa que me aqueceu.
Na memoria que nunca tive
E já se esqueceu.

.........................
.II

Prendo-me sem amarras
Fecho-me sem paredes
Sem fechaduras
Nem janelas
Nem nada.

Numa solidão que me podia matar
E rasgar os meus sonhos...
Mas quando a noite entrar
Descobriremos quem somos
Pode nos até matar
E deixar-nos aos tombos
Mas, sem asas...voar




Voo sem asas



By: Moon_T

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Dois num só






Vagueavam pelas ruas, pintando-as de preto. Inundavam becos e ruelas com rostos carregados de sorrisos… sentavam-se na relva fresca, nas sombras das árvores. Comungavam entre si …

Grandes grupos isolados de sombras, uns maiores, outros menores mas com o mesmo propósito: viver

No meio daquele mar de gente e num pequeno grupo dentro de um grupo, estavam os dois. De negro como tantos outros, de todo sobressaiam da multidão, mas eram únicos. Diferentes um do outro, cada qual com a sua individualidade, opostos por vezes até… mas estavam os dois formando um… num grupo dentro de um grupo… sozinhos no meio da imensidão de grupos isolados de sombras.
Bem podiam estar sozinhos num deserto que o que interessava era que eles lá estavam… os dois, formando um.

O sol cai, as sombras cresciam enquanto captavam momentos que serão eternos e gravavam recordações. Alimentaram beijos e sorrisos… viveram…Só as horas não pararam.
Estava na hora… os dois, que formavam um, dentro de um pequeno grupo, dentro da imensidão de grupos, tinham em mente uma só coisa: viver…porque o fim do mundo começa amanhã.


by: Moon_T


quinta-feira, 12 de junho de 2008

Sinto a tua ausencia


Hoje sinto mais a tua ausência.
As últimas despedidas soaram exactamente a isso: despedidas…
Hoje não te ouvi


Sonho acordado
Com a tua imagem,
Sonho contigo
Feliz por te encontrar

Acordo nas despedidas,
Apertam-me a garganta
Secam-me o peito
Sufocam-me
Tornam-me oco
Matam-me

Oiço a tua voz
Existes
E não me esqueço


Cedo aos sacrifícios que por ti não são nada
Relembro momentos incomparáveis, sem preço…
Inalo teu cheiro, teu sorriso…
Serve-me a baunilha do teu corpo.

By: Moon_T



boomp3.com

terça-feira, 10 de junho de 2008

Um só gomo de uma laranja





No centro da mesa encontra-se uma taça

Um vasto banquete de frutas e cor

Partículas de nada bailam em redor desse festim.

Os tons dourados inundam este cenário

E faz-se poesia.


Sobressai a tua silhueta pelos feixes de luz

Como se de um halo se tratasse…

Essa aureola dourada que te envolve, acentua

sem duvida,

a tua lascividade…


Vestida sombras de luz

Em contra-luz

dourada.


Misturam-se os odores:

Frutas da época… vivas e maduras

O cheiro da chuva que deixou a sua marca em tudo

O aroma de um dia dourado depois das nuvens fugirem

E a tua fragrância…única.


Indefinida… despes a laranja

Que acrescenta mais partículas à contra luz

E enriquece todo o ar que se respira

Tudo tão simples, tão lento, tão belo…


Seu sumo escorre-te pelas mãos,

Ácido e doce…


Nesta tertúlia de cor, luz e odores

O silêncio remete-se aos gemidos das frutas da taça

Que se fundem com o respirar.


Sobressai uma gota do mel que a laranja chorou

Que te foge dos lábios e procura o seu caminho pelo pescoço

Descendo pelas imperfeições da tua tez tão perfeita

Evade-se para os vales do teu deserto…

É um convite…irrecusável.


Pelo canto do olho a taça mantém-se ao centro da mesa

Cheia…

E ainda só vamos no primeiro gomo de uma só laranja…



By: Moon_T

Lês?




Rompe-se o silêncio com o som do isqueiro

Chama que se consome…

A página branca por escrever…

Das mãos trémulas saem caligrafias ocas

e gritos mudos e palavras roucas…

Lês?

Embora as roupas estejam aos pés da cama

E a máscara pendurada no roupeiro, desarmado…

Embora pegadas de luz tatuem o chão pelas brechas das persianas

Será dia?

Lês?

Não penses que vês através das frases

Não conheces, não reconheces, não olhas, nada vês…

Estas confissões… Intermitências da alma

Nuas, expostas em tristes interlúdios

Compostos em crepúsculos funestos.

Lês?

Sentes a repulsa instalada a profanar pensamentos?

Sofres o cenário Dantesco que invade as veias e envenena o sangue?

Palavras nunca poderão traduzir sentimentos!

Tu que me lês…


By: Moon_T





No Last Surprise - The Durutti Column

domingo, 8 de junho de 2008

Procuro






Procuro-te na noite onde me perco,

Escondido por entre as sombras noctívagas

que me cobrem o corpo.


Procuro-te nas esquinas e becos do meu caminho

Sem nunca te encontrar.

Procuro-me em ti .


Quero te possuir a alma pelo corpo…

Sente-me em ti na ausência do meu toque.


Procuro no vazio intemporal o teu sabor

Tenho sede da tua saliva

Fome do teu toque

Apetite voraz do teu tépido sangue

Que te corre nas veias

Suavemente…


Aceleras-me…

Perco-me no teu toque

Perco-me nos contornos

Na silhueta que me abraça

Afundo-me no teu calor

Cedo ao desejo de te morder

Rasga-se a pele

e o silencio.



By: Moon_T

terça-feira, 3 de junho de 2008

Sopro





Receio
a angustia de sentir o corpo frio
receio a ausencia do teu toque que tanto me aqueceu
Outrora...

Relembro com sorrisos embriagados nos labios
as noites que passámos e guardo-as como se tivessem sido reais.
Devoro este prazer moral de memórias inexistentes
Como se fosse real.

Perco-me nestas lembranças
recordo o teu gosto, o teu cheiro, o teu toque.
A tua pele tépida a escorregar na minha...
O cheiro dos teus cabelos a entrar me no corpo
As nossas fragrancias a misturarem-se numa só
Nada mais existe
Sinto-te ...

Neste suspiro sofrego, sinto a tua entrega incondicional
Levas-me a viajar nos teus murmurios... e levas-me...

É neste prazer sensual que nos encontramos novamente.

Movimentos lentos ao ritmo de nada mais que os nossos corpos
Entro em ti sem remorsos... Viajo-te...

Neste caminho nao estou só,
viajamos lado a lado nesta viajem voluptuosa...
Deixamo-nos ir neste caminho de deleite carnal
e deixamo-nos engolir pelo prazer sensual do momento...
...tão bom...

Ao amanhecer
o Sol bate-me no ombro
acorda-me sem piedade e relembra-me de que é dia
a viagem acabou.
Sozinho novamente... receio.

Anseio,
na busca dos teus olhos
encontra-los virados para os meus...
Receio a ausência do teu toque que me aqueceu...
E aqui fico...inerte... gelado...
Jazo deitado no fundo do quarto, trespassado pelos raios de luz.
Espero que me des vida novamente
porque me dás realmente
vontade de viver.


by: Moon_T

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Nada





Rasgo o silêncio!

Profano esta quietação monótona

com um forte e longo grito mudo.

Aguardo que o eco me responda

-Prova-me que não estou só, peço-te.

Responde...


Nesta vacuidade insuportável

Nunca obtenho resposta…

Nada…


Deixo-me levar por esta paz deprimente

E não falo,

Mantenho-me estático a olhar para o vazio

Contemplo este nada que me invade

E deixo-me levar por esta intensa onda de Nada.


A revolta interior permanece…

Uma batalha perdida,

sem origem,

sem causa.

Sem motivo aparente, altero o meu ser

Em função do que não me rodeia

E deixo-me embalar por esta ausência.

Acendo mais um cigarro

E rejeito este pranto inaceitável que me acomete

Inalo e expiro esta morte,

Seco o copo de veneno,

Limpo as lágrimas do rosto… prossigo

E aceito a minha sorte.




By: Moon_T

Also...

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